Insistência e perseverança só existem naqueles que estão insatisfeitos com a situação presente e, por isso, não desanimam; pelo contrário, jamais conseguiriam alguma coisa. Deus atende aqueles que, através da oração, testemunham o desejo e a esperança de que se faça justiça. Jesus ilustrou o seu ensinamento, a respeito do dever de orar sem jamais desanimar, com a parábola da pobre viúva às voltas com um juiz iníquo. A Sua doutrina tem como pano de fundo um tema frequente na literatura sapiencial do Antigo Testamento: a predisposição divina em ouvir e atender o clamor dos pobres. Pode-se falar em parcialidade de Deus a favor dos seus preferidos. Ele ouve a prece de quem é tratado injustamente e jamais rejeita a súplica do órfão e da viúva, quando extravasam as suas queixas. O grito dos pobres atravessa as nuvens e o Altíssimo não descansa enquanto não intervém a favor deles. Deus está sempre pronto para defender a causa do humilde e indefeso. Em suma, coloca-se a favor dos fracos e assume a causa deles. Pelo contrário, ele rejeita a oração dos injustos e prepotentes, cujas mãos estão manchadas de sangue e só são usadas para oprimir e massacrar. E, se se voltam para Deus, é só para falar com soberba e arrogância. Resultado: a sua oração jamais obterá o beneplácito divino! A oração do discípulo do Reino deve ser a do pobre que só conta com a protecção divina, pois, fora de Deus, não tem a quem recorrer. A sua oração será perseverante, uma vez que está sempre seguro de ser atendido, mesmo que isso possa demorar. Se um Juiz iníquo acabou sendo movido pela insistência de uma pobre viúva, quando mais o Pai misericordioso se deixará mover pelo clamor de seus filhos queridos. Lucas, em seu evangelho, dá grande destaque à oração. Nesta parábola, a viúva, que é uma das categorias de extrema exclusão na Bíblia, representa o povo oprimido. O juiz é a expressão da classe dirigente, elitista e opressora. A insistência e a perseverança da viúva vencem a indiferença e a omissão do juiz iníquo.
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